Poupar não chega para ambicionarmos a liberdade financeira após a vida ativa. É preciso ir mais longe e investir. Saiba onde e como preparar a sua reforma!
O salário médio bruto em Portugal está nos 1.411 euros, o que significa pouco menos de 1.000 euros líquidos por mês. A taxa de poupança ronda os 6% do rendimento. E o número de investidores é diminuto. Uma realidade que dificulta a liberdade financeira das famílias.
Tendo em consideração o nível de rendimentos e as perspetivas para a reforma, fazer crescer o nosso dinheiro implica investir. Este é um ponto assente. Sendo que, para tal, precisamos de perceber alguns temas e conceitos.
Assim sendo, a Data Directa indica-lhe alguns pontos essenciais de como e onde preparar a sua reforma.
Três questões obrigatórias
No mundo dos investimentos há várias recomendações, mas há três questões que devem ser encaradas como obrigatórias. O intuito é garantir que as decisões que tomamos são conscientes e adequadas para nós.
A primeira questão é apostar na diversificação nos investimentos. Aqui é determinante pensarmos nas várias dimensões da diversificação: tipo de ativos, geografias e níveis de risco diferentes.
Na prática, é darmos ouvidos ao velho ditado e “não pôr os ovos todos no mesmo cesto”. Caso um se parta, asseguramos que não ficamos sem nada.
O segundo ponto é não ter pressa. Nos investimentos o tempo é o nosso melhor aliado. Mesmo que um ativo perca valor num determinado momento, a história mostra-nos que estas quedas são recuperáveis.
É verdade que há exceções, mas, neste caso, estamos perante situações muito específicas. E, se cumprirmos com a diversificação, garantimos que esta perda não tem um impacto devastador nas nossas poupanças.
O terceiro ponto é ter consciência que ganhos passados não são garantia de ganhos futuros. Quantos de nós não ouvimos já amigos e familiares dizerem que investiram no ativo x e que conseguiram um retorno elevado? Este facto não significa que aquele ativo vai continuar a ter um bom desempenho.
É por esta razão que não devemos tomar decisões apenas com base no histórico. É preciso analisar outros fatores e recorrer a quem tenha conhecimentos técnicos.
Estes três pontos são essenciais para uma estratégia de investimento. Claro que, além destas questões, é preciso ter consciência de qual é o nosso perfil de investidor: mais conservador ou mais arrojado. Até porque quando investimos devemos perceber o que estamos a fazer, os riscos que estamos a correr e que opções temos.
Investir não deve significar passar noites em branco por receio de perder o nosso dinheiro. Quando não estamos confortáveis com uma decisão é sinal de que aquele pode não ser o caminho indicado para o nosso perfil.
Ainda sobre recomendações, fica aqui uma última: procurar um especialista. Esta ajuda pode evitar decisões mais impulsivas e menos informadas.
1. Onde posso colocar as minhas poupanças?
Arrumadas as questões obrigatórias, é tempo de perceber onde colocar as nossas poupanças. Para tal, é determinante perceber que há produtos de baixo risco e produtos de risco mais elevado. Sendo que cada um tem características distintas, nomeadamente de resgate.
2. Produtos de baixo risco
- Depósitos – Este é o destino que mais pessoas dão ao seu dinheiro. Colocar o dinheiro num depósito representa correr poucos riscos, uma vez que há uma proteção específica, através do Fundo de Garantia de Depósitos. Por outro lado, têm um retorno mais baixo do que outro tipo de produtos. Este será o destino de eleição para uma poupança que possamos precisar brevemente ou que sirva de rede de segurança para uma emergência.
- Certificados de Aforro e do Tesouro – São produtos de poupança do Estado. Na prática, estamos a emprestar dinheiro ao Estado e, em troca, ele paga juros. Estes produtos têm um risco baixo. As regras dos Certificados de Aforro mudaram recentemente, mas, ainda assim, rendem mais do que a maioria dos depósitos.
- Seguros de capitalização – São produtos com capital garantido, ou seja, o dinheiro que investirmos está protegido. Há exceções: ao contrário dos depósitos, não há um fundo de garantia, o que significa que, se a entidade falir, pode perder parte ou a totalidade das suas poupanças. O retorno costuma ser mais atrativo do que o dos depósitos.
- PPR – Os Planos de Poupança Reforma (PPR) estão entre os produtos mais conhecidos pelos portugueses. Conta com benefícios fiscais, o que pode aumentar a atratividade deste produto. Ainda assim, é importante salientar que, para estar dentro do chapéu de produtos de baixo risco, é preciso que seja um PPR com capital garantido.
Em todos os produtos, sejam eles de baixo ou elevado risco, é fundamental ler as condições de subscrição. Perceber qual o nível de risco associado e quais as condições para resgatarmos dinheiro.
Há produtos que parecem indicados para o nosso perfil de risco, mas, após uma análise mais cuidada, percebemos que não corresponde à realidade. É o mesmo que pensar que investir num PPR é apenas para “velhos”, por ser um investimento pouco arriscado. Há PPR que são impróprios para cardíacos.
E se nos produtos de baixo risco a perda de capital é diminuta – sim, numa situação limite pode sempre registar alguma perda – nos produtos de risco mais elevado a probabilidade de perdermos parte das poupanças é maior. Por isso, é importante sabermos onde estamos a colocar o nosso dinheiro.
3. Produtos de risco mais elevado
O investimento em ativos de maior risco deve ser feito apenas depois de termos já uma rede de segurança. Dizem as boas práticas que devemos primeiro estabilizar um fundo de emergência, que nos permita reagir a situações imprevistas, e só depois começar a investir para aumentarmos a nossa liquidez.
Neste sentido, vamos ver que tipos de ativos temos à nossa disposição:
- Ações – Estes ativos são pequenas partes de uma empresa. Quando compramos uma ação somos “donos” de uma parcela daquela empresa, ainda que possa ser muito pequena. As ações negoceiam em bolsa, sendo que antes de investirmos temos de ter em consideração a liquidez das ações. Ou seja: é fácil ou difícil vender estes títulos?
- Obrigações – Quando compramos obrigações estamos a financiar uma empresa ou um Estado. À semelhança do que acontece com os Certificados de Aforro e do Tesouro, estamos a emprestar dinheiro em troca do pagamento de um juro. Antes de avançarmos devemos saber como funcionam as obrigações e perceber se é o investimento certo para o nosso perfil.
- Fundos – São instrumentos de investimento que podem ter muitas composições e características. Há fundos de investimento mobiliário e imobiliário, há fundos abertos e fechados. Há fundos para todos os gostos e feitios. Investir neste tipo de produtos é garantir que há alguém a fazer a gestão do dinheiro, tendo em consideração uma estratégia de investimento. Isso não significa que não corramos riscos, mas coloca a gestão dos fundos de investimento em mãos de profissionais.
- Imobiliário – O investimento imobiliário pode ser feito direta ou indiretamente. A primeira hipótese (direta) exige um esforço financeiro maior, porque implica comprar um imóvel, seja para vender ou para arrendar. No segundo caso, pode investir em imobiliário, mesmo com pouco dinheiro, através de fundos, por exemplo.
Investir não é um bicho de sete cabeças, mas exige alguns cuidados. O objetivo é pôr o dinheiro a trabalhar efetivamente para nós. Uma tomada de decisão errada pode pôr em risco as nossas poupanças.
Antes de começar a investir é importante percebemos que comissões e impostos temos de pagar, e quais as vantagens e desvantagens que cada tipo de investimento tem para os nossos objetivos.
Pensando numa poupança de longo prazo, como a reforma, há alguns cuidados extra. Além da diversificação, é preciso ter em consideração que quanto mais velhos formos (e mais perto da idade da reforma estivermos), menores riscos devemos correr. Tudo porque teremos pouco tempo para recuperar eventuais perdas.
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